Ficha Técnica:
Gênero: Drama
Duração: 111 min
Ano de Lançamento: 2016 (USA)
Trailer:
Direção: Barry Jenkins
Roteiro: Barry Jenkins e Tarell Alvin McCraney (história)
Música: Nicholas Britell
Fotografia: James Laxton
Direção de Arte: Mabel Barba
Figurino: Caroline Eselin-Schaefer
Elenco Principal:
Alex Hibbert (Little)
Ashton Sanders (Chiron)
Trevante Rhodes (Black)
André Holland (Kevin)
Naomie Harris (Paula)
Mahershala Ali (Juan)
Jharrel Jerome (Kevin aos 16 anos)
Jaden Piner (Kevin aos 9 anos), à direita nas fotos:
Shariff Earp (Terrence)
Duan Sanderson, 'Sandy' (Azu)
Herman McCloun, 'Caheej' (Estivador)
Rudi Goblen (Gee)
Edson Jean (Mr. Pierce)
Patrick Decile (Terrel)
Stephon Bron (Travis)
A importância de Moonlight receber o Oscar de melhor filme ®
Eu posso me lembrar do tempo em que quando a tela era
ocupada somente por atores e atrizes negros, percebia-se um certo estranhamento
e logo algum comentário estúpido queria tirar o brilho do trabalho.
E quando dois homens se beijavam em cena?
O cinema vinha abaixo sob gritos e gargalhadas.
Será que este tempo já passou?
Que tipo de incômodo estas cenas ainda representam?
O bom gosto (como julgá-lo?) e a inteligência do espectador
determinam a qualidade de uma obra de arte?
Posso produzir um filme experimentando recursos que façam
dele uma obra popular, de mais fácil aceitação ou optar por uma linguagem e um
tema mais elaborado e difícil - um “filme de arte”.
Nas duas possibilidades, o importante não é trazer
entretenimento e a emoção?
Um blockbuster pode cumprir este papel.
Uma comédia romântica, um filme de ação, um musical.
Um romance histórico, uma cinebiografia.
O mesmo vale para outros canais de expressão:
O mesmo vale para outros canais de expressão:
o livro, o quadro, a escultura.
Diferentes grupos humanos querem ver a si mesmos
representados.
O resultado final dessa exposição deve ser a aceitação
social.
A paz.
E é bem comum o fato daqueles que não precisam se preocupar
com isto sentirem-se de alguma forma desagradados.
O incômodo vem da sensação, consciente ou não, de poder ter
sua estabilidade perturbada.
A pessoa branca, o casal heterossexual, o homem branco
X
A pessoa negra, o casal homossexual, a mulher
Percebo em mim, por exemplo, um incômodo com a palavra
“empoderamento”, tão em moda entre algumas mulheres.
E fico analisando esta impressão, tentando encontrar
explicações.
Disse a mim mesmo que “esta palavra significa o poder de um
sobre o outro e por isso talvez não fosse tão adequada quanto ‘igualdade’”.
Mas aquele que ocupa a posição confortável, privilegiada,
pode tentar deter o movimento dos menos favorecidos sem parecer egoísta?
A história mostra que não.
Pessoalmente (para mim, única forma possível para se julgar
o bom gosto), Moonlight cumpriu o papel de entretenimento.
Trouxe descanso, viagem mental e porque não dizer, o
incômodo que uma obra pode trazer.
Gostei do filme.
Além dos conceitos de cor e sexualidade, ele trata de um
grupo excluído por sua condição econômica e social.
Fico imaginando se um dia num filme como este o foco poderá
deixar de ser a cor da pele ou a orientação sexual para ser simplesmente uma
história de amor e a luta por uma situação mais digna.
Isto nunca será possível se não houver visibilidade.
O cinema traz esta possibilidade e o prêmio do Oscar a
amplia.
Ontem mesmo, as sessões para o “melhor filme” estavam
esgotadas em muitas salas.
Alguns vão gostar, outros não, absolutamente normal.
Mas muitos vão assistir e pensar.
E se os discursos de ódio, tão em moda, se o preconceito,
tão disfarçado, não se impuserem pela força, a visibilidade vai acontecer cada
vez mais.
E vai acontecer de qualquer modo.
Porque as pessoas não querem e não vão mais se esconder.
Ainda que sob críticas, vaias, agressão, incompreensão e
gargalhadas.
Sob a luz da lua, seres humanos de todos os tipos tentam
vencer barreiras culturais, individuais e coletivas.
Sob a luz da mesma lua há pessoas que só pretendem amar e
ser amadas.
Nilton Ramos